Para que serve o banho de ervas
- Herbal Saboaria
- 25 de mai. de 2021
- 5 min de leitura
Você já ouviu alguém dizer que precisava tomar um banho de ervas? Popularmente as infusões são usadas para banho de descarrego com ervas! Agora vamos conhecer melhor essa história.
Aquele ano turbulento termina e a gente começa a se preparar para a passagem do ano, festas com a família, férias, viagens, cada um de nós possui um ritual diferente para dizer adeus ao ano que vai, e iniciar o ano que chega com positividade e esperança. Um dos rituais mais conhecidos e praticados por pessoas do mundo todo é o banho de descarrego com ervas, o objetivo é afastar a energia negativa, elevar a espiritualidade e abrir os caminhos na chegada do novo ciclo marcado pelo início do ano.
O que muitos não sabem é que essa tradição não é um hábito atual e tampouco modismo, mas uma prática muito antiga cultivada há centenas de anos antes de Cristo. Hoje estamos aqui pra te contar essa história e tudo o que descobrimos sobre o banho com ervas e suas origens. Vamos lá?!

A origem do banho com ervas data dos Vedas indianos, cerca de 1500 a.C. A prática era comum entre egípcios, babilônios, assírios e hebreus, e possuía propósitos tanto higiênicos como medicinais. O médico grego Hipócrates (460 – 370 antes de Cristo), conhecido como o “pai da medicina”, aprendeu sobre esta prática com os egípcios e mencionava sempre em seus escritos a prática de banhar os corpos com infusões de ervas para propósitos medicinais. Este método de tratamento foi aplicado também por médicos romanos e espalhou-se gradualmente por todo o Mediterrâneo. Alguns estudiosos romanos como Dioscoride (século 1 a.C.) e Galeno (130 – 200 a.C.) recomendavam banhos aromáticos para tratar transtornos urológicos, genitais, tumores, feridas, resfriados, mau-humor e fadiga.

As famosas casas de banho de Roma ofereciam salas separadas para banhos de diferentes propósitos, inclusive banhos com decocções herbais. Autores do período medieval do Oriente Próximo indicavam diversas ervas medicinais para serem usadas em banhos, incluindo folhas de parreiras (Vitis vinifera), camomila (Matricaria chamomilla), romã (Punica granatum), manjericão (Ocimum basilicum), anis (Pimpinella anisum), violeta (Viola sororia), óleo de amêndoas, alho (Allium sativum) e cevada (Hordeum vulgare). Relatos do Oriente Próximo relatam que banhos com decocção de acículas de pinheiro (Pinus spp.) agiam como auxiliares em tratamentos de condições associadas ao útero e ao reto.

Os russos também tinham sua própria versão de casas de banho, normalmente feitas de madeira, continham banheiras onde banhos quentes com ervas e vapor eram utilizados para fins medicinais. A planta favorita nessas casas eram galhos de bétula, recomendada para melhorar a circulação sanguínea e rejuvescer o organismo.

O polímata persa Aviccena (que viveu entre 980 – 1037 depois de Cristo), defendia em seu tratado de medicina que o banho com chá de endro (Anethum graveolens) melhorava cólicas intestinais e que o banho com chá de louro (Laurus nobilis) era eficaz contra doenças do trato urinário.
Manuscritos antigos, que datam do século 9 ao 14, demonstram como óleos essenciais de aproximadamente 50 espécies de ervas e flores eram usados em banhos de tratamento e outras aplicações externas. Fontes medievais também fornecem informações sobre métodos de preparação e propriedades medicinais desses banhos.
Doenças da pele e alergias

Agora já sabemos que banhos com unguentos, chás, pós, e decocções de plantas aromáticas eram amplamente usados para tratar doenças da pele e alergias e que os sábios de antigamente já possuíam noção do poder curativo desses banhos com ervas. Mas o que diria a ciência moderna sobre o conhecimento desses sábios da antiguidade? Pesquisas modernas demonstram que a composição química de muitas plantas aromáticas contêm óleos voláteis que possuem propriedades anti-inflamatória, antimicrobiana e analgésica. Vamos ver alguns paralelos entre a medicina tradicional e a ciência humana de hoje!
Em 1311, Yusif Khoyi, popular cientista e farmacêutico árabe, recomendava em seus manuscritos o uso do junípero para alívio de coceiras causadas por alergias. Pesquisas modernas sugerem que o junípero possui ação anti-inflamatória e contra irritações.

O manuscrito Tibbname (século 18) recomenda banho com chá de flores de camomila para tratamento da acne e outras inflamações da pele. Na medicina tradicional do Azerbaijão, a decocção da camomila é indicada como calmante e para o tratamento de irritações e inflamações da pele. De acordo com pesquisas mais recentes, o principal componente da camomila possui propriedades anti-inflamatórias, principalmente devido aos compostos chamazuleno e bisabolol. Apesar de uma decocção da planta conter apenas de 10 – 15% dos óleos essenciais, seus compostos possuem potentes propriedades anti-inflamatórias. O manuscrito Tibbname discute as propriedades antissépticas e anti-inflamatórias da decocção e suco do orégano quando aplicado na pele ou usado no banho. De acordo com a medicina tradicional do Azerbaijão, o banho com decocção de orégano era indicado para muitas doenças da pele, tratamento também indicado para acne e pneumonia subcutânea. Estudos recentes sugerem que o chá de orégano possuem efeito antiviral, e o banho com a infusão pode aliviar dores e cólicas menstruais e intestinais.

Na medicina tradicional do Azerbaijão a losna era indicada na preparação de banhos para quem sofria com doenças infecciosas da pele. A losna era usada com o mesmo propósito pela medicina tradicional búlgara, sendo especialmente indicada para tratamento de pioderma gangrenoso e feridas com processos inflamatórios no corpo. Pesquisas atuais sugerem que o óleo essencial da losna contém propriedades antimicrobianas. Numa concentração de 1:10, mostrou interromper o desenvolvimento das bactérias Pseudomonas aeruginosa, Klesiella pneumoniae e S. aureus.
Agora já sabemos que banhos aromáticos com ervas medicinais são amplamente usados desde as civilizações antigas para tratar transtornos reprodutivos, urinários e intestinais, doenças na pele e alergias, picadas de insetos e animais, danos em tecidos moles, dores reumáticas e neurálgicas, doenças nervosas, cardiovasculares e outras. Também aprendemos que a literatura científica moderna confirma os possíveis efeitos medicinais atribuídos às plantas nos antigos manuscritos. Normalmente os efeitos medicinais são atribuídos aos compostos dos óleos essenciais que constituem as plantas aromáticas, responsáveis também pelo cheirinho dessas plantas. Isso indica a relevância dos manuscritos históricos, bem como do uso de ervas medicinais ao longo da história humana até hoje documentada.

Na Herbal Saboaria gostamos de aliar o conhecimento tradicional às recentes descobertas científicas. Nós utilizamos esse conhecimento na fabricação dos nossos sabonetes e outros cosméticos naturais, cada ingrediente é pesquisado a fundo, gostamos de dizer que temos uma certa intimidade com cada um dos ingredientes utilizados em nossa fábrica. Nosso método de fabricação também é antigo, afinal, a saponificação é uma reação natural, e suas proporções e variáveis pertencem à química e à física. O método de fabricação tem grande impacto no resultado final, a saponificação de óleos depende de uma forte reação alcalina, meio ao qual muitos óleos essenciais são sensíveis, pois são voláteis e evaporam com facilidade, outros extratos de ervas também podem sofrer degradação durante a saponificação. Na Herbal Saboaria estudamos todas as variáveis para garantir que os extratos das ervas medicinais e óleos essenciais não sofram nenhuma alteração durante a fabricação. O resultado? Só quem já usou pode falar! :-)
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